E como dizer, o que palavras que ainda não inventaram?
Como cantar o amor de Madalena, se ainda não o declamaram?
E se eu chorar melodias coreografadas e ninguém me entender?
Meus braços escapam do ar, nadam no vácuo, balançam misericordiosos, enquanto a música insiste em tocar, nua, a minha alma.
Minhas pernas tão bambas em si, se tornam precisas, tornando os meus movimentos certos, centrados e equilibrados.
E eu digo, sem mecher meus lábios, sem abrir os olhos, tudo aquilo que me engole, me mastiga e me cospe.
E eu caio, desliso, rolo, me arrasto...
Beijo o chão certeiro, que me prende, que não me deixa voar.
E levando, nos joelhos bambos, a saculejar conforme a milonga triste canta ao fundo.
O meu pulso, pulsa.
Simbolisa cada batimento do meu coração fracassado, entristecido, em busca do calor, da vontade que a vida deveria enxertar em mim.
Meus olhos, meu olhar, minha face, minhas roupas...
Cada parte de mim, concentrada em fazer meu corpo colaborar comigo.
Meus braços sustentam o meu corpo, enquanto minhas pernas deslisam no chão.
Um violino chora novamente.
Minhas costas no chão, meu quadril impulcionando o ar.
Meu ventre, minha dança, meu ballet.
Todo o meu corpo, colaborando com a música, pra dizer, que sente sua falta.
Minha cintura procurando as suas mãos.
Meu pescoço catando seus lábios.
E eu expresso isso, na minha arte, na minha lingua, no meu corpo.
A minha dança, existe pra falar.
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