domingo, 25 de julho de 2010

O Coelho do canteiro

Pintei as unhas de azul.
Embora tenha escutado dizer que era uma mania demasiadamente infantil, pintei as unhas de azul.
Um azul cor de céu.
Me lembra os dias de praça, a infância.
Me lembra acordar cedo, e brincar no balanço.
Me lembra os pássaros cantando, encarcerados na pequena gaiola, que sob as árvores repousavam.
Me lembra o seu sorriso, as suas mãos, empurrando o balanço pra cima e pra baixo.
Me lembra o fundo do seu relógio, que herdei tão singelamente.
Me lembrou a noite.
As estrelas.
As nuvens.
O céu.
As palavras.
Que não disse.
E repeti, quando não mais me ouvia.
E a areia.
O verão.
As férias.
Os dez anos.
O porquinho da índia.
E, tudo isso, porque as minhas unhas, agora são azuis.
E tudo isso, porque o céu reflete o mar, e o mar reflete o céu, e por isso são azuis.
E tudo isso, porque as nuvens de algodão doce, enfeitam o céu azul, de lua cheia, que faz o dia tão bonito.
E por isso, eu aconselho a todos, pintarem suas unhas de azul;
se o singelo ato, os fizerdes lembrar de tempos outros, que a felicidade era mais simples.
E se essa lembrança, puder afastar um pouco, aquela saudade que com tanto afinco bate no peito, então é válido, a compra de qualquer esmalte que colorisse as unhas da cor da infância.

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